terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Parva que sou

Deolinda - Parva que sou



Sou da geração sem remuneração

e não me incomoda esta condição.

Que parva que eu sou!

Porque isto está mal e vai continuar,

já é uma sorte eu poder estagiar.

Que parva que eu sou!

E fico a pensar,

que mundo tão parvo

onde para ser escravo é preciso estudar.



Sou da geração ‘casinha dos pais’,

se já tenho tudo, pra quê querer mais?

Que parva que eu sou

Filhos, maridos, estou sempre a adiar

e ainda me falta o carro pagar

Que parva que eu sou!

E fico a pensar,

que mundo tão parvo

onde para ser escravo é preciso estudar.



Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’

Há alguém bem pior do que eu na TV.

Que parva que eu sou!

Sou da geração ‘eu já não posso mais!’

que esta situação dura há tempo demais

E parva não sou!

E fico a pensar,

que mundo tão parvo

onde para ser escravo é preciso estudar.



1 comentário:

  1. Música de critica social, de protesto, de intervenção ou o que lhe queiram chamar. A letra é forte e não deixa ninguém indiferente.
    Parabéns aos Deolinda que, com esta música, ajudam a tirar os jovens, sobretudo os que mais se identificam com a "geração nem nem" - como a qualificam os sociólogos - do marasmo e da inacção em que a maioria se encontra. Pelo menos obriga a pensar. E, já agora, era bom que levasse também a um compromisso de fé e cidadania para a transformação, a todos os níveis.

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