O REMÉDIO DO NATAL
A pequena Joana não podia acreditar no que acabava de ver e ouvir. Tinha estado a fazer os TPC e ia sentar-se no colo da mãe quando ouviu uma notícia que passava na televisão. Parece que tinham morrido muitas pessoas numa cidade francesa. A apresentadora, com ar alarmante, só falava em tiros e mortes e bombas e tragédia.
Do alto da sua meia dúzia de anos de idade, a Joana não demorou muito a decidir que não gostava nada daquilo.
— Mãe, quero ver os desenhos animados!
— Agora não. Estou a ver esta notícia – Respondeu a mãe, com um breve olhar de lado.
Se tivesse mudado de canal seria melhor… Na cabeça da “Joaninha” muitos pontos de interrogação começavam a nascer e a crescer, como os seus caracóis loiros.
— Porque há pessoas que matam outras pessoas?
Para despachar, a mãe responde:
— Porque são más…
— Más?! Quem? As que matam ou as morrem?
Aquela dúvida parecia estranha. Por momentos, a Joana pensou que a mãe queria dizer que as pessoas más mereciam morrer. A mãe, olhando com ternura para a confusão estampada naquele pequeno rosto, desligou a televisão, pegou na filha, abraçou-a e disse-lhe com carinho:
— Tens razão. Ninguém precisa de morrer. E nós não temos de estar aqui a ver isto. Queres ir deitar?
Um acenar de cabeça bastou para concordar com a proposta da mãe. Mas, enquanto subia com a cabeça encostada ao peito, as perguntas em caracol continuavam a saltitar.
— Porque há pessoas más? O professor de Moral, ensinou na escola que todos devemos ter um coração bondoso e que o mundo seria muito melhor para todos…
A mãe não contava aquela reflexão tão profunda e ficou feliz pelo que a Joana estava a aprender nas aulas de Moral.
— Sabes, no fundo acho que todas as pessoas que fazem mal aos outros são muito infelizes e sofrem. Para apagar a sua dor, enchem o coração de ódio e de raiva por aqueles que vivem felizes. Querem destruir o que não conseguiram construir… Mas a escolha é sempre nossa! Conheço muitas pessoas que sofrem e são bondosas. Pessoas que semeiam felicidade nos outros e plantam sorrisos no nosso rosto. Esses sorrisos dão frutos e sementes que fazem nascer outros sorrisos, apagando as dores que todos temos…
Com estas palavras, a mãe acabava de deitar a “Joaninha” na sua cama e aconchegava‑lhe a roupa com o beijo de boas noites. Mas não quis ir embora sem partilhar com a filha um pensamento que tinha iluminado a sua cabeça.
— Bem lá no fundo, acho que há um remédio para tanto “mal” e até rima – disse com um sorriso nos lábios – é o “NATAL”!
— O Natal!?
— Sim! Aposto que, se eles soubessem que Jesus, Criador e Senhor de tudo o que existe se tornou um de nós, uma criança, indefesa e humilde, iam achar as suas lutas pelo poder tão ridículas e patetas que cairiam de vergonha por serem mais infantis que uma criança.
A Joana não compreendia muito bem o que ouvia, e tinha uma última questão para a mãe antes de adormecer:
— Porque é que eles não conhecem Jesus? Não festejam o Natal?
— Não O conhecem porque nós, que dizemos conhecê-Lo, estamos tão ocupados com trabalho, compras, televisão, festas, problemas e tantas outras coisas que nos esquecemos de lhes dar a conhecer o “BEM” que é o nascimento de Jesus. Os poderosos querem fazer-nos esquecer Jesus e este é o resultado. O mal cresce como uma doença.
Na pequena cabeça da Joana o Natal nunca se tinha parecido com um remédio, como um “xarope para a tosse” ou uma “vacina”. Mas até podia funcionar… Ela sabia que aqueles que festejam o nascimento do menino Jesus, podem até ter os seus momentos maus, defeitos que fazem chorar… Mas sentia o que todos sentimos: onde reina Jesus há mais paz, mais felicidade.
Antes de adormecer com o beijo de boas noites da mãe, pensou: «Acho que ainda temos de fazer nascer Jesus no coração de muita gente que não conhece o Natal…»